As Bodas do Cordeiro

Parábolas de Jesus (Parte I)

I - INTRODUÇÃO

Tomando-se como base a parábola das bodas do Cordeiro (ver Mateus 22:1-14 e Lucas 14:15-24) e a parábola das dez virgens (ver Mateus 25:1-13), o povo de Deus é apresentado simplesmente como fazendo parte do rol dos convidados e não como noiva. Portanto, é um equívoco considerar a igreja (povo de Deus) como sendo a noiva do Cordeiro, pois, nenhum texto bíblico afirma explicitamente tal condição. E nem poderia, pois, nem com base na tradição judaica e nem com base nos eventos dos dias atuais a noiva é incluída a fazer parte como CONVIDADA para a ceia das bodas do noivo.

A mesma conclusão extraímos do seguinte texto:

“E disse-me: Escreve: Bem aventurados aqueles que são CHAMADOS À CEIA DAS BODAS DO CORDEIRO. Disse-me ainda: Estas são as verdadeiras palavras de Deus.” Apocalipse 19:9.

Quem são os bem aventurados, aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro? É muito remota ou irrealizável a possibilidade de se imaginar que a “noiva” seja uma representação simbólica dos que são chamados à ceia das bodas.

Para haver um entendimento claro é necessário agrupar e analisar todos os textos e seus contextos relacionados ao assunto. Faremos uma abordagem com relação à questão da parábola das bodas do Cordeiro. Esta parábola traz informações preciosas que se ajustam aos demais ensinamentos da Palavra de Deus.

Afinal, quem é a noiva? Quando e onde será realizada a ceia das bodas do Cordeiro?

II – EXPLICANDO MATEUS 22:1-14

1. “Então Jesus tornou a falar-lhes por parábolas, dizendo: O reino dos Céus é semelhante a um rei que celebrou as bodas de seu filho. Enviou os seus servos a chamar os convidados para as bodas, e estes não quiseram vir” Mateus 22: 1-3.

Primeiramente está havendo um chamado para o banquete e este chamado é um convite real. Percebe-se que o seu convite é desapreciado, pior, é recebido com indiferença. Este primeiro convite foi transmitido pelos discípulos de Cristo, sendo inicialmente pelos doze (ver Mateus 10:5-7), cuja ordem foi a seguinte: “Não ireis aos gentios, nem entrareis em cidade de samaritanos; mas ide antes às ovelhas perdidas da casa de Israel; e indo, pregai, dizendo: É chegado o reino dos Céus.” Depois enviou os setenta (ver Lucas 10:1-20). Eles proclamaram ao povo de Israel que era chegado o reino de Deus, convidando-o a arrepender-se e crer no evangelho. O convite, porém, não foi atendido. Os convidados para a festa não compareceram.

2. “Depois enviou outros servos, ordenando: Dizei aos convidados: Eis que tenho o meu jantar preparado; os meus bois e cevados já estão mortos, e tudo está pronto; vinde às bodas. Eles, porém, não fazendo caso, foram, um para o seu campo, outro para o seu negócio; e os outros, apoderando-se dos servos, os ultrajaram e mataram.” Mateus 22:4-6.

Esta mensagem foi levada novamente para as ovelhas perdidas da casa de Israel depois da morte do Messias. Os que rejeitaram o convite ficaram tão encolerizados com o oferecimento da salvação, que eles se voltaram contra os mensageiros. Diz a Palavra de Deus que houve uma grande perseguição: “Naquele dia levantou-se grande perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém; e todos exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judéia e da Samária.” Atos 8:1. Entre os mensageiros que foram cruelmente mortos foram Estevão (ver Atos 7:59 e 60) e Tiago (ver Atos 12:2). Cumpriram-se as palavras do Mestre.

3. “Mas o rei encolerizou-se; e enviando os seus exércitos, destruiu aqueles homicidas, e incendiou a sua cidade. Então disse aos seus servos: As bodas, na verdade, estão preparadas, mas os convidados não eram dignos.” Mateus 22:7 e 8.

Aqueles que julgavam ter a exclusividade da salvação e rejeitaram o convite misericordioso de Deus, não eram dignos, pois decretaram a sua própria condenação (ver Mateus 27:25). O juízo pronunciado atingiu-os diretamente quando houve a destruição de Jerusalém no ano 70 dC.

4. “Ide, pois, pelas encruzilhadas dos caminhos, e a quantos encontrardes, convidai-os para as bodas. E saíram aqueles servos pelos caminhos, e ajuntaram todos quantos encontraram, tanto maus como bons; e encheu-se de convivas a sala nupcial.” Mateus 22:9 e 10.

Este terceiro convite para o banquete representa a pregação do evangelho que tem como objetivo alcançar o mundo inteiro, isto é, todos os povos e nações. De acordo com o texto bíblico, muitos daqueles convidados também não tiveram respeito ao doador da ceia. Alguns deles pensavam tão somente em se beneficiar das provisões do banquete, sem o mínimo desejo de honrar ao rei. É significativo o fato de que bons e maus fizessem parte desta multidão de convidados. Tal qual a parábola do joio e do trigo, eles permanecerão juntos até a ceifa ou recompensa final.

5. “Mas, quando o rei entrou para ver os convivas, viu ali um homem que não trajava veste nupcial; e perguntou-lhe: Amigo, como entraste aqui, sem teres veste nupcial? Ele, porém, emudeceu. Ordenou então o rei aos servos: Amarrai-o de pés e mãos, e lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes. Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos.” Mateus 22:11-14.

Era costume judaico que, durante os preparativos do banquete de casamento, o noivo e a noiva ficassem afastados um do outro em locais diferentes. Estando tudo pronto para a festa, diz o relato bíblico que o rei entrou para ver os convivas e conferir se cada um trajava a veste especial para as bodas. Nesta parábola a veste nupcial é representada pelo caráter puro e imaculado dos verdadeiros seguidores de Cristo. Somente as vestes que Cristo proveu, podem habilitar os salvos a aparecerem na presença de Deus (ver Apocalipse 3:18).

Entre os convidados o rei encontrou um que não trajava a vestimenta especial para o casamento. O indivíduo foi amarrado pelos pés e pelas mãos e lançado nas trevas exteriores, onde haverá choro e ranger de dentes. O texto deixa claro que aquele indivíduo foi expulso sumariamente sem direito ao perdão divino. Entendemos que este fato está relacionado ao período do milênio, pois na fase atual, “se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo. E Ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo.” I João 2:1 e 2. Entendemos que durante a fase do milênio o Senhor Jesus não atuará mais como nosso Advogado ou Intercessor, conseqüentemente se qualquer pessoa pecar, sofrerá o poder da segunda morte.

III – ATÉ QUANDO HAVERÁ O JOIO E O TRIGO?

Há uma questão que está causando enorme constrangimento para muitos estudiosos sinceros da Palavra de Deus. Até quando conviverão juntos o joio e o trigo (ver Mateus 13:47-50), bem como os bons e os ruins (ver Mateus 13:47-50)? Para a maioria dos cristãos os justos serão separados dos ímpios na volta de nosso Senhor Jesus Cristo. No entanto, de acordo com as Sagradas Escrituras, a existência do joio e do trigo em nosso planeta se estenderá até o “fim do mundo”. O termo “fim do mundo” não significa a destruição literal da Terra, mas apenas o fim da presente era do pecado e da morte. A parábola do joio e do trigo nos traz esta preciosa informação:

“Pois, assim como o joio é colhido e queimado no fogo, ASSIM SERÁ NO FIM DO MUNDO. Mandará o Filho do homem os Seus anjos, e eles ajuntarão do Seu reino todos os que servem de tropeço, e os que praticam a iniqüidade, e lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá choro e ranger de dentes.” Mateus 13:41 e 42.

O mesmo fato é relatado na parábola da rede:

“Igualmente, o reino dos céus é semelhante a uma rede lançada ao mar, e que apanhou toda espécie de peixes. E, quando cheia, puxaram-na para a praia; e, sentando-se, puseram os bons em cestos; os ruins, porém, lançaram fora. ASSIM SERÁ NO FIM DO MUNDO; sairão os anjos, e separarão os maus dentre os justos, e lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá choro e ranger de dentes.” Mateus 13:47-50.

Ao retornar, o Messias estabelecerá o Seu reino na Terra. Ele reinará durante mil anos e com Ele reinarão todos aqueles que foram por Ele comprados com o Seu sangue, de toda a tribo, língua, povo e nação (ver Apocalipse 5:9 e 10). Durante o milênio não haverá intercessor, pois o Messias estará governando na qualidade de Rei e Ele “julgará com justiça os pobres, e decidirá com eqüidade em defesa dos mansos da terra; e ferirá a terra com a vara de Sua boca, e com o sopro dos Seus lábios matará o ímpio.” Isaías 11:4.

No reinado milenar de Cristo existirão nações que continuarão procriando e povoando a Terra, identificadas pela Palavra de Deus como sendo sobreviventes da grande batalha do Armagedom (ver Joel 2:31 e 32). Estas nações serão regidas com vara de ferro pelo próprio Messias (ver Apocalipse 19:15) e por aqueles que participarão da primeira ressurreição (ver Apocalipse 2:26 e 27). Pessoas boas e más farão parte do reinado milenar de Cristo, por uma razão muito lógica: o pecado e a morte continuarão existindo (ver Isaías 65:20). Satanás estará preso e será lançado no abismo para que não mais engane estas nações. No final do milênio Satanás será solto da sua prisão por um pouco de tempo e sairá a enganar as nações que ainda não tinham sido provadas por ele, para ajuntá-las para a batalha contra a Jerusalém terrestre Todos os enganados por Satanás (joio) serão destruídos pelo fogo que descerá do Céu (ver Apocalipse 20:3 e 7-9). Prova-se através este episódio que o fim da era do pecado e da morte não se dará no momento da volta de Cristo, mas no final do milênio. Até lá o joio e o trigo estarão presentes. De acordo com a Palavra de Deus, o fim do mundo ocorrerá no final do milênio, quando finalmente a morte será destruída (ver Apocalipse 20:14). O apóstolo Paulo apresenta-nos mais detalhes a esse respeito:

“ENTÃO VIRÁ O FIM quando Ele (Cristo) entregar o reino a Deus, o Pai, quando houver destruído todo domínio, e toda autoridade e todo poder. Pois é necessário que Ele (Cristo) reine até que haja posto todos os inimigos debaixo de Seus pés. Ora, o último inimigo a ser destruído é a morte.” I Coríntios 15:24-26.

Vimos, pois, que o reinado de Cristo se estenderá por mil anos (ver Apocalipse 20:4 e 6). É o tempo necessário para regenerar o planeta Terra e no seu final destruir todos os inimigos, inclusive a morte (ver Apocalipse 20:7-15). Com o fim da era do pecado e da morte, Cristo entregará o reino a Deus, o Pai.

IV – CONCLUSÃO

A verdade pura e cristalina é que a noiva do Cordeiro não é a Igreja. De acordo com a parábola das bodas do Cordeiro, o povo de Deus faz parte única e exclusivamente do rol dos convidados. Assim, com base nas palavras inspiradas do profeta João, a noiva do Cordeiro é a santa cidade, a nova Jerusalém que descerá dos Céus:

“E vi a santa cidade, a nova Jerusalém, que descia do Céu da parte de Deus, adereçada como uma noiva ataviada para o seu noivo. ...E veio um dos sete anjos que tinham as sete taças cheias das sete últimas pragas, e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei a noiva, a esposa do Cordeiro. E levou-me em espírito a um grande e alto monte, e mostrou-me a santa cidade de Jerusalém, que descia do céu da parte de Deus.” Apocalipse 21:2 e 9-10.

Após ter visto em visão a descida da santa cidade, a nova Jerusalém, o profeta João tem relatado o seguinte:

“E ouvi uma grande voz, vinda do trono, que dizia: Eis que o tabernáculo de Deus está com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o Seu povo, e Deus mesmo estará com eles. Ele enxugará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem haverá mais pranto, nem lamento, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas.” Apocalipse 21:3 e 4.

Ao findar o reinado milenar de Cristo na Terra, o planeta estará totalmente regenerado, livre de quaisquer agressões. A Terra estará pronta para receber a santa cidade, a nova Jerusalém, a tão esperada noiva de Cristo. O próprio Deus estará com o Seu povo. No futuro e majestoso reino de Deus não haverá mais pecado, nem morte, nem pranto, nem lamento e nem dor. Lá estarão somente aqueles que trajarem as vestes nupciais. Trajar ou não trajar estas vestes especiais é resultado de uma decisão individual. Infelizmente para a ceia das bodas do Cordeiro “muitos são chamados, mas poucos escolhidos.” Mateus 22:14.