Os Santuários de Deus na Terra

Questões Bíblicas – Perguntas e Respostas (Parte XVII)

PERGUNTA: Como são os santuários de Deus na atualidade? São eles feitos de pedras e cimento ou são feitos de pedras vivas?


RESPOSTA:

A presença de Deus na Terra esteve relacionada com o santuário. Por essa razão, o santuário deve despertar sempre o mais profundo e duradouro interesse da parte de Seu povo.

Quando compreendemos que os serviços efetuados no tabernáculo e, mais tarde, no templo, eram símbolos de um ministério mais elevado que todo o ritual e os sacrifícios ali realizados, o santuário passa a ter importância ainda maior. A essência do evangelho será revelada na vida de cada indivíduo.

Todo esse sistema implantado por Deus prefigurava o templo, o sacrifício e o sacerdócio de Cristo, através do qual se abriu o caminho para o acesso ao nosso Pai celestial.


I – O SANTUÁRIO CONSTRUÍDO NO DESERTO

Por intermédio de Moisés foi dada a primeira ordem:

“E Me farão um santuário, e habitarei no meio deles.” Êxodo 25:8.

O tabernáculo foi construído sob a direção divina por Moisés, logo após o êxodo do Egito. Este santuário portátil foi utilizado durante os 40 anos de peregrinação no deserto, mas também depois da conquista, por um período de 400 anos.

No período dos juízes, o tabernáculo foi transferido para Siló (ver Josué 18:1). Durante o reinado de Saul ele foi transferido para Nobe (ver I Samuel 21) e posteriormente para Gibeão (ver I Crônicas 21:29).

Era uma tenda com paredes de madeira, forrada com peles de animais e linho, medindo 10 x 30 côvados (4,5 x 13,5 metros) e situava-se dentro de um átrio de 50 x 100 côvados (22,5 x 45,0 metros). A tenda era dividida em dois compartimentos denominados de Santo e Santíssimo. No primeiro compartimento (lugar Santo) havia um candelabro de sete braços, uma mesa para os pães da proposição e um altar para incenso. No segundo compartimento havia apenas a Arca da Aliança, onde se encontravam as tábuas com os dez mandamentos, a vara de Arão e um vaso com maná (ver Hebreus 9:4). A cobertura da Arca da Aliança chamava-se de propiciatório, sobre o qual haviam dois querubins de ouro, sendo que um querubim numa extremidade e o outro querubim na outra extremidade (ver Êxodo 25:19-21). Ali Deus Se comunicava com o Seu povo (ver Êxodo 25:22).

O tabernáculo, como foi chamado o santuário naquela época, era mantido e transportado pelos levitas. Os sacrifícios eram feitos pelos sacerdotes descendentes de Arão, o primeiro sumo sacerdote.

O profeta Davi trouxe a Arca da Aliança para Jerusalém (ver II Crônicas 1:4) e preparou uma tenda para ela. Essa tenda não era mais necessária após a construção do primeiro templo.


II – O TEMPLO DE SALOMÃO

O sonho de Davi foi realizado no décimo século aC quando Salomão construiu o primeiro templo no Monte Moriá, no mesmo local onde foi construído o altar de Abraão (ver II Crônicas 3:1 e Gênesis 22:2-9). Deus havia indicado o lugar exato por meio do profeta Gade e Davi erigiu ali um altar na ocasião quando houve a peste destruidora (ver II Samuel 24:18 e 19).

O novo templo tinha o dobro do tamanho, usando como padrão o antigo tabernáculo (ver II Crônicas 3:3-8 com Êxodo 26).

O templo de Salomão teve uma existência de 410 anos, até a sua destruição por Nabucodonosor, em 586 aC., no mês de Abe, o quinto mês do calendário judaico (ver Jeremias 52:12; II Reis 25:8 e 9; II Crônicas 36:17-21).

A destruição da cidade de Jerusalém e de seu templo resultou na morte de milhares de judeus, e os sobreviventes foram levados à Babilônia em três deportações (ver Jeremias 52:28-30).

Muitas foram as razões por que Deus entregou Judá e Jerusalém nas mãos dos babilônios. A triste realidade é que a maioria dos israelitas resolveu não amar e não obedecer a Deus. À semelhança de muitos cristãos da atualidade, eles se recusaram a manterem-se em paz uns com os outros. Pecados como idolatria e assassinatos de pessoas inocentes (ver II Reis 21:10-16); práticas do mal (ver II Reis 24:18-20); ouvidos fechados à voz de Deus (ver Jeremias 3:13); zombarias e desprezo para com os profetas de Deus (ver II Crônicas 36:15-17) e cultos praticados ao deus sol e transgressões do sábado (ver Jeremias 9:14; 17:19-27; 22:1-5; Ezequiel 8:1-18).

Há de se destacar também os graves erros cometidos por seus líderes, os quais fizeram com que o povo de Judá se afundasse cada vez mais em seus pecados.

Como consequência, Deus estabeleceu que o povo de Judá e os habitantes de Jerusalém teriam que servir ao rei de Babilônia pelo período de setenta anos (ver Jeremias 25:11).


III – O TEMPLO DE ZOROBABEL

Depois da Babilônia ter sido conquistada pelo rei Ciro da Pérsia, a política de deportações mudou. Num decreto de 537 aC. o caminho para remoção do cativeiro de Judá foi aberto, tornando-se realidade a volta dos judeus à terra de Israel (ver Esdras 1:2-5). Isto foi previsto pelo profeta Isaías (ver Isaías 44:28), aproximadamente 150 anos antes do nascimento do monarca persa. Sob a liderança de Zorobabel e com o apoio dos profetas Ageu e Zacarias, o templo foi reconstruído. A sua dedicação foi realizada em 516 aC., 70 anos depois de sua destruição pelos babilônios.

Neste templo a Arca da Aliança não ocupava mais sua posição do compartimento Santíssimo. Presume-se, segundo a teoria mais popular, que a arca foi escondida pelos sacerdotes antes da destruição do templo em 586 aC.

O templo de Zorobabel foi posteriormente saqueado e profanado pelos macedônios em 168 aC. e uma imagem de Zeus foi levantada no local. Dois anos depois, por ordem de Antíoco Epifanes IV, porcos foram sacrificados no altar. Como consequência o culto judaico foi suspenso até a revolta dos macabeus.

Após Jerusalém ter sido conquistada pelos romanos, o culto no templo não sofreu interrupção, devido ao respeito que o Imperador Pompeu tinha pela religião judaica.

Em 36 aC., Herodes, o Grande, foi nomeado rei da Judéia. Querendo manter o apoio dos judeus, ele elaborou um imenso projeto de reconstrução do templo.


IV – TEMPLO DE HERODES

Em pouco tempo o rei Herodes obteve a fama de ser o rei mais odiado na história dos judeus, conhecido por sua tirania e crueldade. Por causa do medo de ter um rival ao trono, mandou matar sua esposa, três filhos, sua sogra, um cunhado, um tio e várias outras pessoas. Foi nessa época que ele mandou matar as crianças de Belém, do sexo masculino (ver Mateus 2:16).

No ano 66 dC. os judeus se revoltaram contra a opressão romana. Nos quatro anos seguintes, no ano 70 dC., foram derrotados e Jerusalém foi destruída por ordem do Imperador Tito. Como ocorreu com o templo de Salomão, o templo de Herodes foi queimado e totalmente destruído no mês de Abe. Mais de l milhão de judeus morreram. Essa destruição foi prevista pelo Messias (ver Mateus 24:2).

Hoje, neste local foram construídos mesquitas e outros monumentos muçulmanos.


V – OS SANTUÁRIOS DE DEUS NA ATUALIDADE

O apóstolo Paulo escreveu:

“...Pois nós somos santuário do Deus vivo, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e Eu serei o seu Deus e eles serão o Meu povo.” II Coríntios 6:16.

Com a morte do Messias, os três principais elementos do sistema judaico sucumbiram, cumprindo-os em si mesmo:

- TEMPLO: O Messias é o Templo que incorpora uma casa viva feita de pedras vivas, edificado sem mãos humanas:

“Respondeu-lhes Jesus: Derribai este santuário, e em três dias o levantarei. Disseram, pois, os judeus: Em quarenta e seis anos foi edificado este santuário, e tu o levantarás em três dias? Mas ele falava do santuário do seu corpo.” João 2:19-21.

“Nós o ouvimos dizer: Eu destruirei este santuário, construído por mãos de homens, e em três dias edificarei outro, não feito por mãos de homens.” Marcos 14:58.

- SACERDÓCIO – Ele é o Sacerdote que estabeleceu um novo sacerdócio:

“Ora, do que estamos dizendo, o ponto principal é este: Temos um Sumo Sacerdote tal, que se assentou nos céus à direita do trono da Majestade.” Hebreus 8:1

- SACRIFÍCIOS – Ele é o sacrifício perfeito e definitivo:

“Ora, todo sacerdote se apresenta dia após dia, ministrando e oferecendo muitas vezes os mesmos sacrifícios, que nunca podem tirar pecados; mas este, havendo oferecido um único sacrifício pelos pecados, assentou-se para sempre à direita de Deus.” Hebreus 10:11 e 12.

Como consequência, o templo, o sacerdócio levítico e o os sacrifícios cessaram com a chegada do Messias.


VI – CONCLUSÃO

Os templos no passado eram considerados um lugar especial onde Deus Se fazia presente. Quando Jesus morreu e ressuscitou, ele abriu caminho para que todos tivessem o contato direto com Deus, em qualquer lugar.

O apóstolo Paulo escreveu:

“E, porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de Seu Filho…” Gálatas 4:6.

“Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dEle.” Romanos 8:9.

Os que desejam andar com Deus e permitem que o Espírito de Cristo faça parte de suas vidas, tornam-se individualmente um templo de Deus, um lugar onde Ele pode manifestar a Sua glória.

Deus enviou aos nossos corações, não a terceira pessoa da trindade, mas o Espírito de Seu Filho. Ele está à porta e bate, se alguém ouvir a sua voz e abrir a porta, ele entrará em sua casa e com ele ceará (ver Apocalipse 3:20).

Sejamos todos cuidadosos, pois o assunto é extremamente sério, considerando as advertências do apóstolo Paulo:

“Não sabeis vós que sois santuário de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá; porque sagrado é o santuário de Deus, que sois vós.” I Coríntios 3:16 e 17.

“E que consenso tem o santuário de Deus com ídolos? Pois nós somos santuário do Deus vivo, como Deus disse: Neles habitarei; e entre eles andarei; e Eu serei o seu Deus e eles serão o Meu povo. Pelo que, saí vós do meio deles e separai-vos, diz o Senhor e não toqueis coisa imunda, e Eu vos receberei; e Eu serei para vós, Pai, e vós sereis para Mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo Poderoso.” II Coríntios 6:16-18.